a noite silencia… vadia… ela me cala
o peito insiste em ir e vir…
as garrafas rolam
não há nada que as cale…
para elas a noite é só noite
o dia vai se aproximando
e a noite se cala mais e mais
um silêncio angustiado
a manhã se aproximando
e todos dormem
mas as garrafas rolam… rolam…
se não em si
rolam dentro de quem as consumiu…
e elas rolam… rolam e rolam…
a noite pesa…
o silêncio pesa…
uma noite insustentável…
o que é a noite?
as horas passam e o tormento arrefece toda e qualquer possibilidade de esperança…
é só a luz de um novo dia…
a luz que insiste em não aparecer
a luz que hesita
a luz que tem hora marcada
o que é o sol se não a hora marcada de todo o fim de madrugada?
a luz ainda não chegou…
a luz ainda está longínqua…
a luz não chegou…
como nossos sonhos… eles nuncam chegam…
sempre a penumbra não identificada de nossos sonhos…

 

escrito em 25 de setembro de 2006