outubro 2011


Eu tenho medo dela
Ela é cínica
Ela mente
Ela finge para si
Que dirá para mim

Tem lá ela
A cabeça doente
Ela finge, ela mente
Já te disse
Sorriso de pedra
Tem ela

Cruza meu caminho
Me toca
Me abraça
Mas tem,
Tem sim
O sorriso de pedra

O verão chegou. O sol arde com força nos trópicos. Mas quem se atreve a despir-se de suas capas de cinismo, preconceitos e arrogâncias? Escondamo-nos em nossas salas hermeticamente refrigeradas.

Hoje não quero novidades
Quero o cheiro de terra molhada
Um céu sem luzes artificiais
O brilho estonteante das estrelas
Ruas sem carros
E calçadas vagarosamente ocupadas
Hoje quero aquele passado
De quem vai para o interior

Ela não pôde ver
Que além daquela janela
Ele trazia dentro de si
Toda a dor de sua ausência

Não pôde ver
Que além de seus olhos
– Secos e obtusos –
Havia uma profusão de estrelas

Com sua própria luz
Ela cegou-se

Se asas tivesse
De través chegaria
– Mansamente –
No teu ouvido
Te contaria coisas bobas
– Coisas boas, sabe? –
Que por aí existem
E nos assaltam
Num sobressalto

De soslaio, te cantaria
– Pianinho –
Que é tudo um gracejo
Esse grande brinquedo.
E que das coisas boas
– Que marcaram minh’alma –
Fica essa tua lembrança
– Cantinho sossegado –
Nessa imensidão-mar