Talvez
Necessário fosse
O ponto final
Sem sinal
julho 2013
15 julho 2013
11 julho 2013
Trazia presas, nos lábios, desesperadas palavras. Atordoada, engolida pela noite, fluía, freneticamente, da alma aos dedos, fugidias palavras. Frases a galope. Acusações frustradas, direcionadas ao léu. A alma, tão derrotada, levou ao grito seco, ao riso amargo, ao olhar cínico, aos gestos falsos. A pele, tingida de roxo, de vermelho, de cores marcantes, traduzia tão só o vazio desvairado de seu ser. Se escondia na noite e suas cores atraíam as presas. Foi sendo consumida, pouco a pouco, sem se dar conta de que sua metamorfose, sua pintura, era sua própria traição.
1 julho 2013
a sala vazia. ando do imenso vão, pelo corredor, ao jardim. pequeno jardim. apenas uma flor emerge, a do pequeno cactus. todas as outras sucumbiram. secas. pela janela vejo as prateleiras da estante. vazias. apenas um livro resta, não reconheço a lombada. não consigo decifrar as letras. esse fim já havia sido previsto. um arco. obsolescência programada. essa era a estratégia da vida. volto à sala. ratos correm, em fuga, disputavam um pão largado à única mesa, situada no centro. a fumaça que flui do cigarro se demora a dissipar. a memória reconstrói a mobília. os habitantes. as discussões. os amores. as frustrações. os jantares e as agonias. quebrando o mormaço, uma forte brisa invade a sala, por uma das muitas janelas quebradas. nunca fui embora desta casa. e, no entanto, como ela faz falta. não ter ido embora é saber que não se tem para onde voltar.